Aspectos Culturais da Roma Antiga
Por
meio de conquistas militares, os romanos construíram um vasto império
territorial que englobava diversos povos, dos quais assimilaram
elementos que influenciaram sua cultura.
Dentre esses povos, destacaram-se os gregos, cuja
arte teve grande influência na cultura romana. Costuma-se dizer que
Roma conquistou a Grécia pela força de suas armas e a Grécia conquistou
Roma pela força de sua cultura.
Apesar
da acentuada influência de outros povos, os romanos desenvolveram uma
cultura original. Exemplo disso é o Direito Romano, que até hoje serve
de referência para o sistema judiciário de muitas sociedades. Além
disso, inúmeros idiomas são derivados do latim, como o italiano, o
francês, o romeno e o português.
Roma foi o último grande império do mundo antigo.
1. A urbe romana
Roma era uma cidade organizada,
com muralhas, túneis, templos, arquedutos, termas, anfiteatros,
teatros, arcos, fóruns e muitos outros prédios públicos. Era uma urbe
(‘cidade” em latim) bem diferente da pólis grega.
Roma
foi a cidade que atingiu maior concentração demográfica em toda a
Antiguidade. No século II, ela contava com cerca de 1 milhão de
habitantes, e o Império Romano com aproximadamente 54 milhões.
No
centro desse império, Roma atraía gente de todas as regiões ocupadas, o
que provocava constantes crises de moradia. A falta de espaço forçou a
construção de casas de madeira e tijolo cru, de condições muito
precárias. Muitas vezes, devido a isso, ocorreram grandes catástrofes
provocadas por desabamentos ou incêndios.
Em
Roma, existia um espaço público que reunia o Senado, a Assembléia, o
mercado, as bibliotecas. Conhecidos como Fórum, era considerado por
muitos como o centro do mundo.
Pão e circo
Durante
o período Republicano, como vimos, verificou-se intenso êxodo rural em
consequencia das guerras de conquistas. Os pequenos proprietários que
haviam perdido suas terras dirigiam-se às cidades procurando garantir
sua sobrevivência.
Superlotada,
as cidades apresentavam muitas dificuldades, como a escassez de
moradias e a falta de empregos, pois a maioria das atividades era
realizada por escravos.
Sem
meios para sobreviver, a população desocupada perambulava pela cidade. O
governo, percebendo a possibilidade de revoltas distribuia pão aos
pobres e desempregados, além de oferecer gratuitamente grandes e brutais
espetáculos. Todas as grandes cidades romanas contavam com um
anfiteatro para a realização desses espetáculos.
Com
essas medidas, o governo pretendia desviar a atenção da população,
evitando a eclosão de revoltas e rebeliões. Essa política, conhecida
como pão e circo, estendeu-se também ao período Imperial.
Nos
espetáculos, às vezes, gladiadores profissionais lutavam entre si. A
vida do derrotado dependia do público presente: se a maioria levantasse o
polegar, ele viveria; se o virasse para baixo, seria morto.
Outras
vezes, gladiadores, criminosos ou seguidores de religiões perseguidas,
como os cristãos, eram lançados a feras esfomeadas.
Alguns espetáculos, principalmente em ocasiões comemorativas, prolongavam-se pelo dia inteiro e mesmo por dias seguidos.
O coliseu,
o principal anfiteatro de Roma, podia reunir mais de 80 mil pessoas. Na
sua inauguração, conta-se que o imperador Tito sacrificou num só dia
mais de 5 mil animais.
Desde
o início do século II a.C., os romanos realizavam também espetáculos
com feras. Neles, animais selvagens lutavam uns contra os outros; leão
contra leão, leão contra pantera ou touro, tigres contra panteras,
touros contra ursos e assim por diante.
Para
atender às exigências constantes de novos animais, os governadores das
regiões conquistadas tinham de organizar frequentes caçadas. Pessoas a
pé e a cavalo, armados de dardos, perseguiam animais ferozes e tentavam
encurralá-los em áreas cercadas por enormes redes. Em seguida, fechavam
os animais em jaulas, para a longa viagem até Roma e outras cidades do
império.
Os balneários
Atração
popular das cidades romanas eram os balneários (casa de banhos). Nos
maiores centros urbanos havia um para cada zona da cidade. Em geral, as
pessoas frequentavam os balneários na parte da tarde. Os cidadãos
encontravam-se para tratar de negócios ou, simplesmente, para conversar.
O
banho era um ritual longo. Passava-se por diversas salas de aquecimento
progressivo, para provocar a transpiração. Um ajudante esfregava o
corpo do banhista para, depois, ele descer para uma banheira quente.
Finalmente, o banho terminava com a imersão em piscina de água fria.
A
pessoa nadava um pouco e, em seguida, saía da água para as mãos de um
massagista que, com óleo perfumado, massageava-lhe todo o corpo. Nos
dias de sol, os frequentadores dos balneários estendiam-se no solarium
para um banho de sol.
Os trabalhadores da urbe
Em
Roma, como nas demais cidades do império, existiam diferentes tipos de
trabalhadores, como carpinteiros, marceneiros, cesteiros, ceramistas,
caldeireiros. Toda a produção desses trabalhadores era vendida nas lojas
das cidades
É
preciso lembrar que grande parte do trabalho na cidade era executada
por escravos. Em sua maioria prisioneiros de guerra, eram eles os
responsáveis por qualquer tipo de trabalho, desde os artesanais até os
domésticos.
2. O Direito Romano
Desde
criança, o romano era educado para atender às necessidades do Estado e
respeitar as tradições e os costumes. Uma série de normas regia a
conduta dos cidadãos tanto na vida familiar como na vida pública. Daí
surgiram leis que orientavam as relações entre os indivíduos. Reunidas,
essas leis formaram códigos jurídicos, que deram orígem ao Direito
Romano.
O
Direito Romano dividia-se em duas esferas: a pública e a privada. O
Direito público era composto pelo Direito civil, válido para os cidadãos
romanos, e pelo direito estrangeiro, válido para os povos conquistados.
O Direito privado regulava as relações entre as famílias.
O
Direito foi uma das grandes contribuições dos romanos para as
sociedades ocidentais. Seus fundamentos adaptados e reelaborados, foram
adotados por diversos povos, servindo de base até hoje para muitas
sociedades.
3.Literatura, arquitetura e arte
A
mais conhecida obra literária dos romanos é Eneida. Ela foi escrita
pelo poeta Virgílio, a pedido do imperador Augusto. A intenção de
Virgílio em Eneida é glorificar a cidade de Roma. O livro escrito em
forma de versos, narra a lenda do herói triano Enéias. Segundo a
história de virgílio, Enéias teria fugido para a península Itálica
depois da Guerra de Tróia. Lá, teria fundado Alba Longa, o reino
pertencente ao avô de Rômulo e Remo, fundadores lendários de Roma.
A
Roma declamada por Vírgílio tinha a missão divina de proporcionar paz e
vida civilizada ao mundo. O imperador Augusto, por sua vez era o
designado pelos deuses para tornar realidade essa missão.
A arte romana foi influenciada tanto por etruscos, um dos povos que ocuparam a península Itálica, quanto por gregos.
Na
arquitetura, por exemplo, os romanos herdaram dos etruscos o arco e a
abóboda, que aperfeiçoaram, além de desnvolver novas técnicas de
construção; dos gregos aproveitaram as colunas. Na escultura, as
principais obras romanas foram as estátuas equestre e os bustos.
3. Religião
Entre os romanos, existiam dois tipos de cultos: o familiar e o público.
Os
deuses protetores da família eram os Lares. Os bens e os alimentos
estavam sob a proteção de divindades especiais, os Penates. Esses deuses
eram cultuados pelo chefe da família junto à lareira, onde o fogo
permanecia sempre aceso.
Durante
as refeições, os romanos espalhavam junto ao fogo migalhas de alimentos
e gotas de leite e de vinho, como oferendas às divindades. Com isso,
acreditavam conseguir a proteção dos deuses. Nas festas familiares
oferecia-se aos deuses o sacrifício de um animal (boi, carneiro ou
porco), que depois era dividido entre todas as pessoas da família.
Alem
dos deuses ligados à família, havia os que eram cultuados pelos
habitantes da cidade. O culto público era organizado pelo Senado. Com
ele, os fiéis esperavam obter dos deuses boas colheitas ou vitórias nas
guerras.
Também
a primitiva religião romana assumiu traços da grega, igualmente,
politeista e antropológica. Algumas divindades latinas confundiam-se com
as gregas, como Júpiter e Zeus, Juno e Hera, Vênus e Afrodite, Baco e Dionísio, Diana e Artêmis, romanos e gregos respectivamente.